Muito prazer! Meu nome é Adamastor e sou o chefe dos ascensoristas de um belo prédio no centro da cidade – cargo que ganhei por merecimento, pois sigo no posto desde os dezenove anos, quando cheguei da Bahia. No que o síndico precisar, sempre estou à disposição, e tenho certo respeito dos outros funcionários justamente por ser o homem de confiança do prédio – qualquer desvio de conduta, de um atraso ao desleixo com o uniforme, eu encaminho ao Seu Gregório, para que tome as devidas providências. Sei que os outros funcionários falam mal de mim pelas costas, por ser muito rigoroso, mas não sei o que seria desse prédio sem mim! Não que ganhe mais que os outros para me comprometer com tais coisas, orçamento de condomínio é curto, sabe como é...mas fico satisfeito pelo respeito que a posição impõe aos outros. Agradeço a Deus todos os dias pelo meu emprego; na minha idade não é fácil arrumar nada melhor, e depois de tanto tempo, a única coisa que me especializei mesmo foi na lida com os elevadores – às vezes o elevador trava e eu consigo abrir a porta antes mesmo do técnico chegar, o que é um grande alívio para quem está preso lá dentro. Olha, nunca tive problema nenhum no emprego, até ontem, mas a culpa não foi minha! A culpa foi toda da Clotilde, da limpeza - uma coroa que é a cara do Zacarias, principalmente quando ri! Vou contar desde o princípio, para que você entenda melhor a história. No final, você me dará razão!
Acordei naquela manhã sonhando com minha ex-mulher, com uma enorme ereção. Não é muito normal acontecer, mas confesso que às vezes sinto falta daquelas carnes – um dia ela tomou um ônibus pro interior, levando minha filha para morar na casa da minha sogra, e nunca mais deu notícias, nem eu procurei. Até hoje não entendi direito o que aconteceu, e não sou homem de correr atrás de mulher. Duro é assistir novela sozinho. Bom, como dizia, acordei animado, e no caminho do ônibus decidi comprar esta luneta pra ver o último cometa deste século – como anunciou no Jornal Nacional. Fazia um calor infernal já pela manhã, e o asfalto soprava um bafo quente. Nenhum sinal de chuva nos próximos dias. Os camelôs espalhavam seus produtos pelas ruas; um carro-forte atrapalhava o trânsito na esquina de baixo, com seguranças armados e escolta da polícia; o funk soava forte no som de um Passat 82, com a lataria podre; buzinas gritavam o berro do recém-nascido esquecido dentro do carro, enquanto o calor cozinhava tudo isso em uma cena do juízo final. O serviço correu normal naquele dia; saí pontualmente, tomei uma cachacinha um pouco mais à frente, e fui até a loja; com o embrulho embaixo do braço achei melhor tentar montar tudo na cobertura do trabalho mesmo. Pegar o ônibus lotado com aquela caixa debaixo do braço seria complicado demais. Custou metade do meu salário, mas queria muito ver de perto o cometa e como o lojista parcelou em dez vezes no cartão de crédito, acabei comprando – por algum motivo estranho, meu crédito no cartão é bem maior que meu próprio salário. Parei pra tomar uma cervejinha antes de voltar pro prédio, só pra fazer uma hora e refrescar o calor.
Pois então! Perto das seis e meia, entrei apressado tentando não chamar a atenção dos outros funcionários, subi, e montei a parafernália por lá, e como ainda estava claro, comecei a olhar as janelas dos prédios em volta. Tudo muito chato, gente chegando nos prédios residenciais, gente se descabelando de trabalhar nos escritórios, e na janela de um dos prédios, um coroa mandando ver na secretária deliciosa – fiquei ali assistindo aquilo tudo, até que o pior aconteceu. A ereção da manhã tinha voltado com toda a força, o bicho latejava, e eu tomei um susto quando senti a Clotilde chegar de surpresa e botar a mão dentro da minha cueca. Essa mulher vive me dando indiretas, mas não tem cristo que agüente: é muito xarope e, além disso, é um dragão! Tentei disfarçar o volume na calça, falei sobre o cometa, sobre a luneta, mas ela já tinha subido decidida – quando percebeu minha ereção não teve dúvidas, me olhou com cara de fêmea no cio, ajoelhou e começou a me chupar. Tá certo que a ereção não era pra ela, e que ela não era a coisa mais atraente do mundo, mas não consegui me controlar e mandei tudo na cara dela, que depois me puxou pro chão com tanta força que eu acabei caindo no chão. Tem coisas que fazem o homem voltar a ser bicho. Só voltei a mim quando ouvi o Seu Gregório gritando nossa demissão para uma platéia de janelas à nossa volta – mandou a gente embora sem pensar duas vezes. Uma vizinha havia ligado indignada para a portaria. Algumas crianças já ensaiavam jogar água fria na gente. Os outros funcionários não paravam de rir de mim – o São Jorge do condomínio. Clotilde, semi nua, se escondia atrás de mim, com aquele corpo de carnes flácidas e sua boca quase invertebrada. Com o que gastei na luneta, poderia ter feito umas quinze visitas às camélias do passeio público – mais novas, com dentes, camisinha, e preservando meu emprego! Do céu ao inferno num piscar de olhos! Pior foi perceber depois que o cometa tinha passado durante aquilo tudo, não sei bem se enquanto comia a Clotilde ou se durante a repercussão do caso – só sei que perdi o cometa e o emprego no mesmo dia, e agora não tenho nem como pagar a luneta. Sou uma pessoa de Deus, mas minha vontade é de matar aquela faxineira dos infernos. Mas voltando ao que eu queria lhe dizer, por isso estou aqui, meu senhor: tem como o senhor receber essa maldita luneta de volta? Sequer foi usada...
Acordei naquela manhã sonhando com minha ex-mulher, com uma enorme ereção. Não é muito normal acontecer, mas confesso que às vezes sinto falta daquelas carnes – um dia ela tomou um ônibus pro interior, levando minha filha para morar na casa da minha sogra, e nunca mais deu notícias, nem eu procurei. Até hoje não entendi direito o que aconteceu, e não sou homem de correr atrás de mulher. Duro é assistir novela sozinho. Bom, como dizia, acordei animado, e no caminho do ônibus decidi comprar esta luneta pra ver o último cometa deste século – como anunciou no Jornal Nacional. Fazia um calor infernal já pela manhã, e o asfalto soprava um bafo quente. Nenhum sinal de chuva nos próximos dias. Os camelôs espalhavam seus produtos pelas ruas; um carro-forte atrapalhava o trânsito na esquina de baixo, com seguranças armados e escolta da polícia; o funk soava forte no som de um Passat 82, com a lataria podre; buzinas gritavam o berro do recém-nascido esquecido dentro do carro, enquanto o calor cozinhava tudo isso em uma cena do juízo final. O serviço correu normal naquele dia; saí pontualmente, tomei uma cachacinha um pouco mais à frente, e fui até a loja; com o embrulho embaixo do braço achei melhor tentar montar tudo na cobertura do trabalho mesmo. Pegar o ônibus lotado com aquela caixa debaixo do braço seria complicado demais. Custou metade do meu salário, mas queria muito ver de perto o cometa e como o lojista parcelou em dez vezes no cartão de crédito, acabei comprando – por algum motivo estranho, meu crédito no cartão é bem maior que meu próprio salário. Parei pra tomar uma cervejinha antes de voltar pro prédio, só pra fazer uma hora e refrescar o calor.
Pois então! Perto das seis e meia, entrei apressado tentando não chamar a atenção dos outros funcionários, subi, e montei a parafernália por lá, e como ainda estava claro, comecei a olhar as janelas dos prédios em volta. Tudo muito chato, gente chegando nos prédios residenciais, gente se descabelando de trabalhar nos escritórios, e na janela de um dos prédios, um coroa mandando ver na secretária deliciosa – fiquei ali assistindo aquilo tudo, até que o pior aconteceu. A ereção da manhã tinha voltado com toda a força, o bicho latejava, e eu tomei um susto quando senti a Clotilde chegar de surpresa e botar a mão dentro da minha cueca. Essa mulher vive me dando indiretas, mas não tem cristo que agüente: é muito xarope e, além disso, é um dragão! Tentei disfarçar o volume na calça, falei sobre o cometa, sobre a luneta, mas ela já tinha subido decidida – quando percebeu minha ereção não teve dúvidas, me olhou com cara de fêmea no cio, ajoelhou e começou a me chupar. Tá certo que a ereção não era pra ela, e que ela não era a coisa mais atraente do mundo, mas não consegui me controlar e mandei tudo na cara dela, que depois me puxou pro chão com tanta força que eu acabei caindo no chão. Tem coisas que fazem o homem voltar a ser bicho. Só voltei a mim quando ouvi o Seu Gregório gritando nossa demissão para uma platéia de janelas à nossa volta – mandou a gente embora sem pensar duas vezes. Uma vizinha havia ligado indignada para a portaria. Algumas crianças já ensaiavam jogar água fria na gente. Os outros funcionários não paravam de rir de mim – o São Jorge do condomínio. Clotilde, semi nua, se escondia atrás de mim, com aquele corpo de carnes flácidas e sua boca quase invertebrada. Com o que gastei na luneta, poderia ter feito umas quinze visitas às camélias do passeio público – mais novas, com dentes, camisinha, e preservando meu emprego! Do céu ao inferno num piscar de olhos! Pior foi perceber depois que o cometa tinha passado durante aquilo tudo, não sei bem se enquanto comia a Clotilde ou se durante a repercussão do caso – só sei que perdi o cometa e o emprego no mesmo dia, e agora não tenho nem como pagar a luneta. Sou uma pessoa de Deus, mas minha vontade é de matar aquela faxineira dos infernos. Mas voltando ao que eu queria lhe dizer, por isso estou aqui, meu senhor: tem como o senhor receber essa maldita luneta de volta? Sequer foi usada...
8 comentários:
Essa é a segunda versão...a terceira está sendo maquiavelicamente arquitetada! Vamos ver no que dá em alguns dias!
Deu pena do pobre! Ansiosa pela terceira parte!
putz....agora vou ler a primeira versão mais lá em baixo!!
hilário!!!
Imaginei a cena toda. Muito envolvente tua história.
obrigada pela visita, volte sempre "pra um café"
Cheguei aqui por acaso.
Gostei!
Bom fim de semana.
Adoreii .
O conto, o nome do blog ...
Se quiser, lá em casa, as portas estão smp abertas.
Apareça !
Bjs =*
Obrigada pelo elogio querido, gosto de ver opinioes alheias as minhas..
E quanto ao teu texto, coitado vei.
mal posso esperar pra ver o final da saga!
hashuiahsuiahuisahsuia
;*
vim ver se o conto versão 3 já estava pronto!!! hehe
genial, fidel. a versão do cara está mais crua. e carne crua é melhor. aliás, aquela que nem passou perto do fogo. aquela cujo calor vem de dentro.
vamos pra terceira.
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