segunda-feira, 15 de setembro de 2008

[Crônica] – O Babaca!

Ninguém está isento: todo mundo conhece um babaca, tem um na família, ou talvez algum dia até tenha sido um, em alguma oportunidade! Não é difícil encontrá-los por aí, aleatoriamente, pois eles costumam ter grande destaque no trânsito, no trabalho, na vizinhança, nas praias, cinemas, e em lugares de uso coletivo em geral – não precisa nem procurar: até mesmo quando você está em casa, dormindo, é capaz de algum te ligar, num sábado, às oito da manhã. São aqueles que costumam comparecer a todas as reuniões de condomínio – ou você acha que o condomínio do seu prédio está tão caro por que outro motivo? Reformas inúteis no salão de festas, aposto! Isso que não vou nem entrar no mérito das cartas aos condôminos, afixadas no espelho do elevador, com seu bizarro linguajar pseudo-erudito! Pessoas normais não conseguem tolerar a quantidade de babaquice existente em uma reunião de condomínio – não mesmo – freqüentar a todas é um martírio!

Mais do que um mero incômodo, eles são possivelmente o grande mal da humanidade: invariavelmente, sempre o babaca é o primeiro a incentivar uma guerra ou causar uma briga no trânsito; alguns adoram soltar balões; costumam deixar lixo por onde passam; a ouvir música ruim a toda altura; é aquele que manda mensagens bonitinhas em Powerpoint para o seu e-mail toda manhã; e também aquele cara que gasta milhares de litros de água por final de semana, lavando o carro e a calçada toda manhã de sábado; o babaca é aquele que, apesar de todo seu otimismo, vai ficar lhe dizendo o tempo todo que você está na merda! Além do mais, os babacas são invariavelmente preconceituosos – pode notar...todos têm sua parcela de culpa pela degradação das relações humanas, grande ou pequena, mas tem. Babacas falam o que querem, param o carro em fila dupla, arrancam com o carro em cima do pedestre, e cagoetam qualquer atraso dos colegas pro chefe – aliás, há uma infinidade de modalidades de babaca: tem o babaca quieto (aquele que consegue irritar mesmo quando está calado), o autoritário (também conhecido como ‘senhor da verdade’), o invejoso (aquele típico colega que não sabe fazer um ‘O’ com o copo, mas acha injusto que os outros tenham qualquer tipo de vantagem financeira), o eloqüente (aquele que fala que nem uma matraca, sem ninguém querer ouvi-lo), o musical (escuta Banda Calipso em volume audível por terceiros), o papagaio (aquele que visivelmente fala mais do que come), e tantos outros. Tem babaca pra todo (des)gosto!

Na tentativa de uma pretensiosa – e quase babaca – ‘definição técnica’, diria que o babaca é aquele indivíduo que simplesmente ignora regras básicas do convívio humano, por estar tão concentrado em um inabalável mundo interno, que as outras pessoas são vistas somente como um obstáculo, e não uma possível fonte de conhecimentos e troca de experiências – ele simplesmente age, deliberadamente, sem pensar, sem refletir, sem se importar! A frase preferida de todo babaca é um irônico “Foda-se!” – não que seja de uso exclusivo deles, mas estatisticamente são eles que mais vezes a repetem, com toda certeza! Um babaca só deixa de ser babaca quando percebe que não são só os outros que são babacas. E é por isso que eu rezo diariamente: Senhor, sei que as doenças são naturais; entendo que a morte é um estágio da existência; que nem todo mundo possa ser rico ao mesmo tempo, e que a fome e a violência estão aí para que aprendamos a exercitar nossa compaixão; compreendo que algumas pessoas nasçam mentalmente debilitadas; aceito resignado os desastres naturais dizimando milhares de pessoas ao mesmo tempo; não dou dinheiro a profetas que usam seu santo nome em vão; e tento ser um cidadão respeitável, dentro das minhas limitações – Senhor, compreendo que os desígnios divinos sejam além de nossa compreensão, mas pelo amor de Deus: LIVRAI-NOS DA BABAQUICE!!!

6 comentários:

Gabi disse...

diria que o babaca é aquele indivíduo que simplesmente ignora regras básicas do convívio humano,

muito bom...

mas será que no mundo de alguem nós não somos babacas tb?
bjos

Flávia disse...

Já diz aquele velho ditado em latim: refrescarum anum patunum, lacoa est - traduzido para o bom português: QUEM REFRESCA C* DE PATO É LAGOA. Todo castigo pra babaca é pouco. ;)

beijões!

Camila disse...

Ah as a babaquice dá alegria ao mundo hahahahahaha

bejoo

Daniel Salles disse...

Gabi: Com certeza, ninguém é perfeito! Empatia é um mistério ainda não decifrado, e não dá pra agradar todo mundo ao mesmo tempo...até porque reconhecer as próprias babaquices é uma forma de crescer...

Flavinha: Latim afiado! rs. Mas as vezes dá pena dos pobres coitados deste mundo...

Camila: Aí é um outro estágio...dá pra rir um pouco, mas as vezes a vontade é de jogar pela janela tb! rs

Flávia disse...

Dá pena só quando não há um deles na sua cola, rs...

beijos mais :)

Alessandra Castro disse...

Ahhh é um tipo de povim que se reproduz rapidamente. A praga das plantações boas, com certeza.