quinta-feira, 4 de setembro de 2008

[Conto] A volta da Úrsula!

Ela voltou mais uma vez aterrorizando minhas meias verdades com seus trejeitos fatais, sem aviso, e com a autoridade que só ela tem sobre mim, me revirando do avesso e me deixando de joelhos, rendido em plena madrugada. Ainda não sei explicar como ela consegue – um pouco de química, física e uma pitada de fortes sentimentos. Sem eu perguntar ou mesmo permitir, ela questiona meus anseios, pondo em cheque minhas noites, minhas bebidas, e até mesmo o que eu ando comendo por aí. Diz-me que preciso de disciplina. Quando ela chega assim, sem avisar, sinto um pouco de mim se esvaindo por minha boca, sem que eu possa resistir; mais uma vez o aviso geral que parei de beber é estampado na minha testa, para os amigos não ficarem me tentando com aquele papo de ‘só um golinho ela nem vai perceber’ – não adianta: ela percebe, e sairá mais uma vez me humilhando madrugada afora! Quando chego dizendo que preciso dar um tempo nas noites, todos já sabem que ela voltou mais uma vez, me jogando na cara que eu tenho que criar juízo, ser mais adulto, que preciso ser mais centrado, que preciso tomar jeito – embora eu não saiba exatamente o que isso significa (ou realmente se significa alguma coisa idêntica para pessoas diferentes), abaixo a cabeça e tento absorver a lição. Ela não está interessada em discutir sobre fenomenologia, não adianta tentar amenizar seus conceitos. Ela nunca cede! Não adianta resistir: enquanto eu lutar contra suas vontades ela continuará me atormentando, me prendendo, até que eu ceda e me comporte como ela julga correto. Mais uma vez ela está inserida nos meus dias, e, no fim, só me resta a certeza de que ela só irá embora quando mais uma vez eu finalmente atender a todos os seus anseios...

14 comentários:

Anônimo disse...

Tudo que uma mulher mais gosta é jogar na cara: "Eu tinha razão"!

Conforme-se...

Mariana disse...

Passando pra te dar um beijo.
Ótimo final de semana.
Beijo

Anônimo disse...

BEM FEITO!

Natália Mylonas disse...

Segundo conto teu q leio e siim, vc manda meega beem .

Beiijos =*

Gustavo Martins disse...

Fidel:

Do que se trata "do que se trata PASSAGEM DA MANILHA"?

Índia Jurema Preta, Bicho véio, Filosofo Fabriciano disse...

Volta e meia eu digo por aí, os substantivos femininos são um perigo na vida de um homem. Ainda bem que tenho pouca aversão ao risco.

Colocou a situação de forma muito criativa.

Abraço

Camila disse...

Que lindo o texto! =)

Adorei, parabéns pelas palavras viu!
Tentarei ler o livro que voce me indicou! haha

beijaõ

Daniel Salles disse...

A propósito, este conto é em homenagem à minha Úlcera, a quem carinhosamente batizei de Úrsula...

Flávia disse...

bom, vc respondeu: eu estava mesmo me perguntando quem era a danada da Úrsula, embora durante a leitura tivesse a mais absoluta convicção de que não se tratava de uma mulher...

Embora úlceras, mulheres, homens... inegável que, algumas vezes, tenham mesmo muito em comum. Ora quiescentes e pacíficos, ora impertinentes e absurdamente dolorosos.

Te achei no blog do rapaz aí em cima e olha só: encontrei meu linkzinho aí no meio dos seus! Obrigada pela gentileza e pela supresa involuntária. Apareça por lá, será sempre bem vindo.

Beijos muitos :)

Gabi disse...

opa!
retribuindo a visita.
vamos nos linkar?
gosto dos contos...
bjos.
=]

Camila disse...

Não encaro isso como um triangulo amoroso!
hahaha

CONTINUEI1 =)

beijo

Mariana disse...

Beijos femininos, boa noite.

Camila :) disse...

hahaa :0 gostei desse conto hein
bom fds

beejooo

Gustavo Martins disse...

Sexta à noite no boteco, na noite (vazia) da Sociedade Secreta do Rock, recebi a revelação, de olhos brilhantes pela percepção da genialidade fidelística.

Tive que reler. Ótima sabada.

Grande abraço, amigo. Nos encontramops na montanha, então!